O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, aumentar em um p.p. (ponto percentual) a taxa Selic. Com isso, a taxa básica de juros tem a quarta elevação do ano e vai para 5,25%.
A alta, a maior em 18 anos, superou a que foi sinalizada pelo órgão na reunião anterior, em junho (+0,75% p.p.) e confirmou as expectativas de analistas do mercado financeiro. A justificativa do Banco Central para determinar o aumento foi conter a alta da inflação.
Essa alta da taxa básica de juros vai impactar diretamente o mercado de títulos públicos. O que vai permitir que investidores passem a ter retornos melhores em aplicações menos arriscadas.
Contudo, o mercado de renda variável também será impactado, já que o desempenho das empresas depende do consumo das famílias e do acesso ao crédito por empresários, por exemplo. Um aumento da Selic prejudica, muitas vezes, a atividade econômica das empresas.
No mercado de moedas, os preços também são determinados pela oferta e pela demanda. Ou seja, ao aumentar a remuneração real (acima da inflação) paga ao investidor internacional, o Brasil aumenta a demanda por títulos públicos brasileiros negociados em reais.
Isso provoca um aumento na demanda por reais no mercado internacional, fazendo com que seu valor se aprecie, e a relação de câmbio dólares por reais, caia. O oposto também é válido.
Como ficam os investimentos com o novo patamar da taxa Selic?
Com um novo aumento da taxa Selic, o mercado de renda fixa ganhou um novo fôlego. Aplicações atreladas ao CDI apresentarão retornos cada vez maiores a cada novo aumento na taxa.
“No entanto, o cenário atual ainda é de juros reais negativos para a maioria das aplicações financeiras em renda fixa. O motivo disso é a alta inflação atuante no momento. Perceba que um investimento que retorna exatamente o valor da Selic de 5,25% teria um resultado negativo de -3,10% se considerarmos uma inflação de 8,35% ao ano”, explica o coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira.
Isso quer dizer que a renda variável deve continuar sendo uma opção considerada pelos investidores. “A bolsa de valores, por exemplo, atravessa um ciclo de forte alta e provavelmente ainda deve compor o portfólio dos investimentos da maioria dos personagens de mercado”, ressalta Teixeira.
Com base no cenário, o professor da FGV destaca que dessa forma, o provável movimento que deve ocorrer com o novo patamar da Selic é um balanceamento de carteira, com os recursos alocados em renda fixa se tornando gradualmente maiores que as aplicações em renda variável.
“Essa estratégia pode se mostrar bastante frutífera caso a meta de inflação do Banco Central de 3,5%”, pondera o especialista.
Onde estará a Selic em dezembro? E em 2022?
Os diretores do BC avisaram ainda que está previsto novo aumento de 1 p.p da taxa Selic para a próxima reunião. Contudo, O último boletim Focus, pesquisa divulgada toda semana pelo BC, já projeta para o final de 2021 taxa de 7% ao ano.
No caso de 2022, a projeção manteve-se em 7,00% ao ano. Para 2023, é de 6,50%, e para 2024, ficou em 6,50%.
Pós-fixados e crédito privado em destaque
Entre os títulos públicos, os pós-fixados (Tesouro Selic e Tesouro IPCA+) seguem como a melhor aposta para os próximos meses, seja por conta dos prêmios atrativos ou por serem mais defensivos em um cenário de volatilidade. Com as eleições presidenciais se aproximando, e o mercado ainda alerta para os riscos fiscais, as incertezas devem impactar os títulos pré-fixados, cujas taxas variam conforme as expectativas econômicas.
“Nesse cenário, o Tesouro Selic e até os títulos privados de boas empresas com uma taxa CDI+, como CDBs, são uma boa opção. Além disso, também vale apostar títulos atrelados ao IPCA, como debêntures, CRIs e CRas e Tesouro IPCA”, sugere Ricardo Teixeira.
O especialista diz ainda que a alta da taxa Selic também pode favorecer os fundos de investimento multimercado, que têm como benchmark o CDI. “Esses fundos podem ganhar dinheiro com o dólar e a Bolsa caindo ou subindo, por exemplo”, diz Teixeira.
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