
Mais um banco está com problemas nos Estados Unidos. Somente em dois dias, entre terça e quarta-feira desta semana, as ações do First Republic Bank caíram mais de 62%.
A instituição, que é um banco médio dos EUA sediado na Califórnia, está passando por problemas de liquidez desde o início de março. A situação é mais uma consequência do temor provocado pela quebra do Silicon Valley Bank (SVB).
Embora os dois bancos tenham perfis semelhantes de atuação e a quebra de um seja consequência da quebra do primeiro, analistas avaliam que não há um risco nas mesmas proporções do que ocorreu na Europa com o Credit Suisse, por exemplo.
De fato, o risco de contaminar o mercado com o medo de uma crise sistêmica levou um grupo de 11 dos principais credores dos EUA a investirem US$30 bilhões no FRB. Entre as instituições, estão o JPMorgan Chase & Co, Morgan Stanley e Goldman Sachs.
Porém, os esforços não cumpriram o propósito de inspirar mais confiança ao mercado. Ainda em meados de março, um volume enorme de saques foram realizados, provocando uma saída em massa de recursos do banco.
Neal Holland, chefe financeiro do First Republic Bank emitiu um comunicado na época, informando que a empresa está “trabalhando para reestruturar o balanço e reduzir as despesas e empréstimos de curto prazo”.
Entre as medidas tomadas também estão um corte de mais de 20% do quadro de funcionários e redução dos salários dos executivos.
O First Republic Bank quebrou?
O First Republic Bank não quebrou, pelo menos não ainda, mas a situação não é boa para investidores de bancos médios.
As ações da empresa fecharam em queda de 23% na quarta-feira, 26, e de quase 50% no dia anterior. A situação piorou, principalmente, após a divulgação do balanço do primeiro trimestre.
O resultado mostrou uma queda de 40% nos depósitos, que ficaram em US$ 104,5 bilhões (para se ter uma ideia mais clara da queda, esse número no final de 2022 era de US$ 176,4 bilhões).
E cabe ressaltar ainda que esses números incluem o suporte de US$ 30 bilhões que o banco recebeu das 11 instituições credoras. Portanto, sem o socorro, a queda nos depósitos seria ainda maior.
O lucro do First Republic Bank também caiu: em 33% nos primeiros meses deste ano, ficando na casa dos US$ 269 milhões (no ano passado, era de US$ 401 milhões).
Segundo informações da CNBC, os assessores do FRB querem convencer alguns daqueles bancos a fornecer mais apoio, comprando ativos do banco.

Por que os bancos estão em crise?
Tudo começou com o Silicon Valley Bank (SVB), que faliu devido a uma estratégia errada de manter altas exposições à taxa de juros norte-americana.
Sua derrocada levantou uma série de preocupações sobre uma possível crise bancária nos Estados Unido, intensificada também com a crise na Europa.
Um estudo do Social Science Research Network indicou que pelo menos 185 bancos correm riscos semelhantes ao SVB.
No entanto, especialistas em sua maioria não acreditam se tratar de uma crise generalizada. O que ocorre, na verdade, é muito mais uma contaminação do medo após a falência do SVB.
Inclusive, para alguns analistas esse temor é temporário. Mas, de fato, no momento atual ele existe e é responsável por situações como a do First Republic Bank.
O medo de que outras instituições também venham a falor, criou uma corrida aos bancos, no famoso efeito manada.
Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, defendeu a solidez do sistema bancário norte-americano e disse que ele “continua sólido e que os americanos podem ter a certeza de que o dinheiro que depositaram estará disponível quando precisarem”.
O que você acha desta situação? Tem medo de uma crise bancária sistêmica? Leia mais em Crise bancária nos EUA e Europa: entenda o que está acontecendo.