
Somando à crise bancária desencadeada nos Estados Unidos e trazendo ainda mais insegurança para o mercado, o Credit Suisse quebrou. Ou melhor, antes que isso acontecesse, a instituição foi comprada às pressas por sua rival UBS.
Se você está se perguntando o que aconteceu, saiba que não é o único. Até mesmo alguns suíços foram pegos de surpresa, embora seja possível perceber que os problemas com o banco não são de hoje.
Para entender o impacto da queda, é importante saber que o Credit Suisse era o segundo maior banco da Suíça e era considerado um banco “grande demais para falir”. Poucas instituições financeiras no mundo estão neste patamar.
Na crise financeira de 2008, por exemplo, a instituição financeira resistiu em um resgate do governo, coisa que nem o rival UBS conseguiu à época (sim, o jogo virou).
Mas, afinal…
O que aconteceu com o Credit Suisse?
O segundo maior banco suíço (ou ex-segundo maior banco suíço) têm passado por uma série de problemas há alguns anos. São questões que vão de governança a prejuízos bilionários.
Especialistas apontam que a última gota, o estopim para a ruína, foi a recusa do Saudi National Bank (Banco Nacional Saudita) em aumentar seu investimento. O banco da Arábia Saudita era o maior acionista do Credit Suisse, com quase 10% de participação.
Outros fatores que contribuíram para a crise, incluem:
- acusações de fraude e lavagem de dinheiro, entre outros problemas de governança;
- prejuízos financeiros bilionários (recentemente, duas empresas que haviam tomado empréstimo com o banco faliram e deixaram de pagar cerca de US$15 bilhões);
- os juros do mercado e o receio diante da crise bancária nos Estados Unidos;
- e a própria “fragilidade material” do banco suíço.
Sobre este último tópico, o balanço do quarto trimestre de 2022 do Credit Suisse, divulgado em fevereiro, apontou o quinto prejuízo consecutivo. Foi quando a instituição apontou a “fragilidades materiais” em seus relatórios financeiros dos últimos dois anos.
Por isso especialistas não apontam um único fator como o grande motivador do problema.
Em outras crises bancárias, como no caso mais recente do próprio Silicon Valley Bank, pode-se apontar os juros como a questão principal. Em 2008, o Lehman Brothers foi derrubado por uma crise de crédito.
Já o Credit Suisse atravessa uma crise de confiança e este é um problema que já vinha se acumulando ao longo dos anos. Hoje, as ações do banco “grande demais para falir” valem menos do que US$1.
Mesmo uma declaração de confiança do Banco Nacional da Suíça e uma oferta de US$50 bilhões em apoio financeiro não foram o suficiente para estabilizar a situação.
A aquisição pelo UBS
No último domingo, 19, a compra do Credit Suisse pelo seu rival UBS foi anunciada.O governo suíço ajudou a intermediar o negócio, feito às pressas para concluir a fusão antes da abertura dos mercados asiáticos, de acordo com a Forbes.
Embora tenha sido uma negociação histórica, a insignificância do valor de US$3,2 bilhões (diante do quão grande o banco foi um dia), atestou o tamanho da crise. O acordo também trará consequências financeiras para os acionistas.
Mas a compra era a última solução para conter o estrago e proteger a economia suíça. O Banco Nacional da Suíça, junto com o governo suíço e a Autoridade de Supervisão do Mercado Financeiro Suíço trabalharam juntos para promover a fusão.

Quais são as consequências da crise no Credit Suisse?
Quando uma empresa é “grande demais para quebrar” isso não significa apenas que ela é riquíssima e a prova de balas. Significa também que aquele negócio representa uma participação significativa e fundamental na economia do local onde está inserida.
No caso do Credit Suisse, até então o maior banco da Suíça, estamos falando de prejuízos para o país como um todo. As consequências vão desde a queda de ações para acionistas, grupo que inclui outras grandes empresas, até o fechamento de agências e perda de empregos.
De acordo com alguns especialistas, com a aquisição pela UBS, centenas de agências deverão ser fechadas (há unidades em quase todas as cidades do país) e isso representa a perda de milhares de postos de trabalho.
Há ainda as consequências para o mercado financeiro, propriamente, que não se limitam ao à Suíça mas a toda a Europa. O clima de medo do risco deverá colocar outros bancos sob desconfiança de investidores, que ficarão mais cautelosos.
Como apontado pela BBC, talvez o dano mais caro de todos seja a perda da reputação da Suíça como um lugar seguro para investir.
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