
Conforme as previsões do mercado financeiro, o pior da inflação mundial já passou. Pelo menos este é o consenso entre os economistas e as principais organizações econômicas como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial depois que a maioria dos países experimentou, em 2022, aumentos de preços nunca vistos em quatro décadas.
Mas não há dúvida de que a inflação vai continuar pensando no bolso de milhões em 2023, mas a expectativa é que apresente uma queda lenta nos próximos 12 meses. É o que apresenta a reportagem original da BBC News Mundo.
Quando esse período terminar, o FMI espera que a inflação mundial caia para 4,7%, pouco menos da metade do nível atual.
No Brasil, o último boletim Focus, do Banco Central, um resumo das projeções do mercado para a economia, aponta que o IPCA para o ano de 2023 deve ser de 5,23%.
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No entanto, a inflação mundial deve se manter em níveis altos, mas em um contexto em que muitos economistas têm rebatizado como “novo normal”.
“Tudo indica que a inflação em 2023 será moderada, embora continue mais alta do que antes da pandemia”, explica Juan Carlos Martínez Lázaro, professor de Economia da Universidade IE, em Madrid, na Espanha, à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
“Portanto, esperamos que em 2023 as taxas médias de inflação sejam inferiores às verificadas em 2022. Mas é claro que levará tempo e não será em 2023 que será possível voltar aos níveis de inflação pré-pandemia. Para chegar a esse cenário ainda faltarão alguns meses”, acrescenta.
Menos atividade, mais desemprego
No final das contas, se as famílias têm que pagar mais por tudo, o que acontece é que elas acabam comprando menos e gastam menos em viagens ou carros novos, por exemplo.
Principalmente quando pensamos em itens básicos, como alimentação e energia, por exemplo. Esses, inclusive, são os itens que concentraram mais aumentos nos preços ao longo de 2022.
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Se juntarmos a isso o fato de a maioria dos bancos centrais terem apertado significativamente a sua política monetária e aumentado as taxas de juro, o resultado é um menor consumo das famílias e uma menor atividade das empresas.
Esse último ponto, inclusive, é o que pode desencadear o desemprego e reduzir a inflação.
“É provável que ocorram recessões técnicas em várias economias durante 2023, o que fará com que o crescimento global caia abaixo de seu potencial para 2,6%, de 3,3% em 2022”, diz a Scope Ratings, uma agência de rating europeia, em relatório recente.

Neste contexto, com a guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas acirradas, a covid se espalhando pela China, o Reino Unido enfrentando um inverno de greves e uma onda de frio na Europa, a contração econômica será muito difícil de evitar.
Inflação mundial: recessão para muitos
“Minha previsão para os EUA é de recessão. Tem que haver uma. O mercado de trabalho atual está mais tenso do que nunca no período pós-guerra e, surpreendentemente, não enfraqueceu”, diz Steven Bell, economista-chefe para Europa, Oriente Médio e África da empresa Columbia Threadneedle em uma entrevista.
“Acho que eles (EUA) precisam de uma recessão. Não acho que será profunda. Vai ser branda e a resposta será rápida, mas acho que eles precisam. E a Europa também vai ter uma por causa do incrível aumento de preços da energia”, acrescenta Bell.
“E não podemos esquecer que uma recessão nos países desenvolvidos geralmente leva a uma recessão nos mercados emergentes”, ressalva o economista.
Isso muitas vezes inclui vários países latino-americanos, como o Brasil. Mas apesar da queda dos preços das matérias-primas, principalmente do petróleo, do acordo de exportação de grãos da Ucrânia que freou a inflação de alimentos e apesar da alta dos juros, medidas destinadas a frear a inflação, também há quem prefira permanecer mais cético em relação às previsões para 2023 sobre a escalada de preços.
“Existe o risco de que a inflação não caia como todos esperam. Na verdade, o fato de haver praticamente uma opinião unânime quanto a isso é preocupante porque o consenso dos analistas está mais errado do que certo”, diz Víctor Alvargonzález, diretor de estratégia e sócio-fundador da empresa de consultoria independente Nextep Finance.
- Reportagem original em: BBC News Brasil
Ranking da inflação mundial: veja quais são os países com maiores índices
O Brasil é um dos mais bem colocados em um ranking nada desejável: países com a maior inflação no mundo. Nosso país ocupa o 15º lugar do ranking da Austin Rating sobre as maiores inflações do G20, mais a Zona do Euro e Espanha.
Sete países têm inflação menor que Brasil: Canadá, Indonésia, França, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Japão e China.
Ranking da maior inflação no mundo de países do G20 (acumulado em 12 meses)
1º Turquia – 83,5%;
2º Argentina – 83,0%;
3º Rússia – 13,7%;
4º União Europeia – 10,9%;
5º Reino Unido – 10,1%;
6º Alemanha – 10,0%;
+ Confira aqui o ranking completo dos países com maior inflação no mundo
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