Quem investe em alguns títulos de renda fixa já deve ter notado diferenças no extrato da aplicação. Acontece que entraram em vigor as novas regras de marcação a mercado para investimentos de renda fixa.
A Anbima — Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais —, determinou que a partir de janeiro os bancos e corretoras de investimentos são obrigados a marcar a mercado:
- os CRIs e CRAs — Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio
- debêntures
- e títulos públicos que foram adquiridos via tesouraria de bancos e corretoras
Até então, a marcação se aplicava apenas nos investimentos de renda variável e em determinados títulos públicos do Tesouro Direto.
A mudança não é um bicho de sete cabeças, mas o investidor que a compreende pode ganhar mais rentabilidade e, principalmente, evitar perder dinheiro.
O que é marcação a mercado?
O primeiro passo para entender a mudança é saber o que é marcação a mercado (MaM). Trata-se do termo usado para se referir à atualização diária do preço único de investimentos.
Ou seja, é a sistemática que precifica diariamente um investimento de acordo com as condições do mercado. Essa marcação independe do valor que foi pago pelo título na data de sua compra pelo investidor.
Em outras palavras, é a variação diária no preço de um título, o preço que o investidor conseguiria se vendesse seu ativo hoje.
A MaM já acontece em ativos negociados na Bolsa, em títulos do Tesouro Direto. Mas agora também em mais títulos de renda fixa, como listado acima.
Alguns fatores impactam na marcação de um ativo:
- contexto econômico (taxa Selic, inflação, política, mercado externo etc)
- demanda pelo investimento
- valor dos novos títulos que estão sendo emitidos no mercado
- liquidez (quanto mais a liquidez, mais frequente será a marcação)
- se é pós-fixado ou pré-fixado
A marcação impacta diretamente a rentabilidade dos investimentos, agora inclusive os de renda fixa.
Quais são as novas regras de marcação a mercado para renda fixa?
O que muda é que mais investimentos sofrem marcação a mercado agora. Desde 2 de janeiro, a regra de atualização diária dos preços — que já valia para o Tesouro Direto — passou a valer também para CRIs, CRAs, debêntures e títulos públicos adquiridos de bancos e corretoras.
Vale destacar que a nova regra não vale para os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e para as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs).
A nova marcação a mercado nos investimentos de renda fixa vale tanto para os investidores pessoas físicas, quanto para pessoas jurídicas (empresas). Porém, não haverá a obrigatoriedade de marcação para:
- empresas de médio e grande porte
- e investidores qualificados, aqueles que possuem mais de R$1 milhão investidos
Vale destacar que a regra não altera a rentabilidade dos investimentos. No entanto, ela pode ser afetada se o investidor realizar o resgate antes do prazo.
O que muda para o investidor na prática?
Com a precificação diária dos títulos de renda fixa, o investidor agora pode ver quanto vale um título de sua carteira a cada dia. Percebendo a oscilação, ele pode aproveitar oportunidades de compra ou venda antes do vencimento do papel.
Os extratos das instituições financeiras devem informar a data da última atualização do preço de cada ativo em carteira. Por isso, diz-se que a nova regra dá mais transparência a esses investimentos.
Na prática, a marcação a mercado da renda fixa muda apenas a forma como o investidor verá seu extrato.
A reportagem do site InfoMoney ouviu algumas corretoras sobre como será feita a atualização dos valores e a maioria delas disse que utilizará os dados da Anbima como referência.
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