
Está em processo de estudo a criação da moeda digital brasileira, o Real Digital, que será como uma extensão da moeda física. Mas já se estima que o surgimento dela deverá reduzir a circulação do dinheiro em papel.
A previsão é do próprio Banco Central. Embora o objetivo não seja eliminar de vez o papel-moeda, a tendência é que seu uso se reduza cada vez mais. Afinal, as transações digitais já são crescentes e o hábito dos brasileiros caminha nessa direção.
“A intenção é que o dinheiro em papel conviva com o real digital ainda por muitos anos. No entendimento do BC, à medida que a população se torne mais confortável com os novos meios de pagamentos digitais, o uso do dinheiro no formato de papel se reduzirá naturalmente.”
Segundo dados do BC divulgados pela Agência Brasil, em junho de 2021 o total de papel-moeda em poder das pessoas era de R$283 bilhões. Já o volume de depósitos à vista (dinheiro depositado em conta-corrente, sem remuneração pelo banco) era de R$333 bilhões.
Somando outras formas de liquidez, como os depósitos remunerados, operações compromissadas e títulos públicos federais a esse valor, havia um total de R$8,9 trilhões disponíveis de forma digital.
Ou seja, apenas cerca de 3% dos recursos disponíveis para as operações no país estão na forma de papel-moeda. Isso já demonstra a tendência natural de desuso do dinheiro em papel, mesmo sem a nova moeda digital.
O que é e como vai funcionar o Real Digital?
Assim como já acontece em outros países, o Brasil deverá ganhar sua própria moeda digital, que será como uma extensão do dinheiro tradicional e igualmente emitida pelo Banco Central.
Muitos podem confundir esse novo recurso com as criptomoedas, mas não é a mesma coisa. O coordenador dos trabalhos sobre o Real Digital, Fabio Araujo, explica:
“Os criptoativos, como o Bitcoin, não detém as características de uma moeda, mas sim de um ativo. A opinião do Banco Central sobre criptoativos continua a mesma: esses são ativos arriscados, não regulados pelo Banco Central, e devem ser tratados com cautela pelo público.”
Já a CBDC – sigla para Central Bank Digital Currency, como também são chamadas essas moedas digitais – será uma nova forma de representação da moeda que já é emitida pela autoridade monetária nacional.
Ou seja, faz parte da política monetária do país de emissão e conta com a garantia dada por essa política. Bem diferente do que são as criptos.
Na prática, a nova forma de dinheiro vai contribuir para o surgimento de novos modelos de negócio e de outras inovações baseadas nos avanços tecnológicos.
Por exemplo, permitirá o desenvolvimento de modelos inovadores de transações, como contratos inteligentes, internet das coisas (IoT) e dinheiro programável.
Além disso, será possível o uso em pagamentos de varejo; e a capacidade para realizar operações online e eventualmente operações offline.
De acordo com a Agência Brasil, a moeda digital será garantida pelo BC. As instituições financeiras vão apenas guardar o dinheiro para o cliente que optar pela nova modalidade.

Quando a nova moeda vai começar a circular?
Ainda não há previsão para o lançamento do Real Digital. De acordo com o BC, as discussões e de testes ainda devem durar de dois a três anos.
“Ao fim desse período, o BC deverá ter reunidas as condições necessárias para decidir sobre a conveniência e o melhor formato para a emissão de um real digital.”
As moedas digitais já são realidade em outros países. As Bahamas, por exemplo, foram o primeiro país a lançar oficialmente seu Sand dollar, em outubro de 2020.
A China também tem um projeto-piloto de moeda digital em algumas cidades. Serão realizados testes com visitantes estrangeiros nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim de 2022.
O banco central dos Estados Unidos, o Fed, e a Digital Dollar Foundation também trabalham para lançar sua moeda digital. Outros países, como Coreia do Sul, Japão e Suécia, igualmente estudam o lançamento.
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