
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu início, em Brasília, à terceira reunião do ano para deliberar a respeito da taxa básica de juros, a Selic.
Mesmo com as pressões vindas do governo federal para que haja uma redução na taxa, o órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano. De acordo com a edição desta terça-feira, 2, do boletim Focus, a taxa básica permanecerá no mesmo patamar pela sexta vez consecutiva.
Apesar disso, o mercado financeiro acredita que a Selic encerrará o ano em 12,5% ao ano. O Copom comunicará a decisão ainda nesta quarta-feira, 3, no fim do dia.
A Selic é a taxa básica de juros utilizada para as transações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para outras taxas da economia.
Ela é a principal ferramenta do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC trabalha diariamente por meio de operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais, para manter a taxa de juros próxima ao valor estabelecido na reunião.
Governo pressiona pela redução dos juros
Apesar de ter parado de aumentar em agosto do ano passado, a Selic encontra-se no patamar mais elevado desde o começo de 2017. Na prática, isso resulta em um encarecimento do crédito e em uma desaceleração da economia.
Tanto membros da equipe econômica do governo federal quanto o próprio presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, acreditam que as taxas elevadas estão prejudicando as concessões de crédito e os investimentos.
Além disso, as autoridades do Executivo sustentam que não há razão para que a Selic permaneça tão alta.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem advogado por uma maior coordenação entre as políticas fiscal (responsável pela arrecadação e gastos públicos) e monetária (taxa de juros para controlar a inflação).

A Selic ainda pode aumentar?
Na última reunião do Copom, em março, não foi descartada a possibilidade de um aumento da taxa Selic. Afinal, os gastos públicos em alta e as incertezas fiscais podem levar o Banco Central a manter os juros elevados por mais tempo que o previsto.
As incertezas em questão estavam relacionadas ao novo arcabouço fiscal, que estava sendo elaborado pelo Ministério da Fazenda na época.
Após a entrega do projeto ao Congresso Nacional, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fez uma avaliação positiva das novas regras e reconheceu o esforço da equipe econômica do governo federal.
Campos Neto também defendeu as decisões técnicas tomadas pelo BC. Recentemente, ele afirmou que, embora o Brasil não tenha atingido a meta de inflação, o país teve apenas “sete estouros em 24 anos”.
Apesar de ter havido quedas nos últimos meses de 2022, as expectativas de inflação têm aumentado. De acordo com o último Boletim Focus, a estimativa de inflação para 2023 é de 6,05%.
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