A pandemia da Covid-19 gera até hoje problemas na organização financeira de 72,9% dos lares brasileiros. Dados de agosto da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A pesquisa da CNC considera como dívidas as contas ainda a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.
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Aliado a isso, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,6% no trimestre encerrado em maio, apontam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a inflação gera um aumento generalizado no valor dos preços.
O que faz o levantamento da CNC concluir que a tendência é de expansão da inadimplência no país durante 2021. Diante deste cenário, o gerente financeiro da Sicoob Cocre, Felipe Bianchim, ressalta que os tempos de escassez são os mais propícios para iniciar uma vida de educação financeira.
“É quando a receita fica reduzida, o que tem acontecido com muitas pessoas nesse período, que automaticamente precisamos aprender a lidar com o dinheiro e fazer render cada centavo”, afirma o especialista.
Dicas do especialista
Com base nesse cenário, listamos algumas dicas práticas do especialista Felipe Bianchim para que você possa se organizar financeiramente mesmo durante a crise:
1 – Coloque tudo “na ponta do lápis”
Para Felipe Bianchim, o primeiro passo para a organização financeira é saber o quanto ganha por mês, o valor líquido. Ou seja, o que realmente entra na sua conta do banco.
O ideal é pegar o seu holerite dos últimos 6 meses para fazer uma média do seu salário líquido. E, caso você for um autônomo ou faça freelance, você pode pegar todas as entradas de dinheiro na conta dos últimos 24 meses, pois você precisa identificar a sazonalidade mensal e também a média mensal.
2- Crie uma planilha
Depois, em uma coluna no excel, você põe todas essas entradas de dinheiro na conta. Calcule suas despesas mensais Para calcular as despesas, vamos separar em três grupos: despesas fixas, variáveis e eventuais.
Fixas – São aquelas que você precisa pagar todo mês, impreterivelmente, e que o valor costuma ser sempre o mesmo ou que tenha pouca variação. Exemplo: aluguel, condomínio, financiamento imobiliário, diarista, IPTU, plano de saúde e mensalidade da escola ou da faculdade.
Variáveis – São aquelas que o valor acaba variando de acordo com a utilização e que podem ou não ocorrer todo mês. Exemplo: água, luz, internet, alimentação, passeios ou viagens.
Eventuais – Existem também as despesas eventuais, que podem ou não ocorrer. Exemplo: cabeleireiro, roupas, sapatos, farmácia, manutenção do carro ou da casa.
Após listar todos os seus gastos nas respectivas categorias, você pode utilizar a função de tabela dinâmica para somar todos os gastos e criando uma visão por tipo de despesa e/ou por categorias.
Assim, você vai saber quanto que está gastando por mês em cada categoria, e vai conseguir ver se está tendo gastos excessivos em algum lugar para poder economizar dinheiro.
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3 – Corte gastos
O processo de corte de gastos é primordial num processo de planejamento financeiro. Quando se pensa em como organizar as contas, um ajuste no seu orçamento faz toda a diferença.
Nesse processo considere sempre gastar menos do que se ganha. Ou seja, evite extrapolar seus ganhos e corte o que não é prioridade.
Faça essa reflexão e se a resposta for sim, pense em cortá-la a partir de hoje. Avalie também outros gastos que possa evitar, como comer fora todos os dias. Todo corte, por menor que seja, sem dúvida fará uma grande diferença no seu orçamento mensal.
“Atingir a estabilidade financeira não é uma tarefa fácil, muitas vezes será preciso renunciar a algo em determinado momento para conquistar um sonho maior no futuro, porém com dedicação, disciplina e escolhas certas, você pode alcançar esse objetivo”, explica Felipe Bianchim.
4 – Crie Metas
Para ajudar na sua organização financeira, crie metas para 2021, e assim, com a análise dos seus gastos e com o que você ganha vai ajudar muito para conquistar seus desejos.
5 – Quite suas dívidas
O primeiro passo para sair desse buraco financeiro é reconhecer os problemas, colocar tudo no papel e buscar alternativas para quitar os valores. Busque renegociar as dívidas, avalie as possibilidades de pagamentos à vista e determine um prazo para quitá-las.
Outro ponto essencial é não fazer dívida em cima de dívida. Se você está endividado, evite usar o cartão de crédito, o cheque especial e fazer novas contas parceladas.
Anotou tudo? Agora que você já sabe como organização financeira, você já pode começar a investir. Descubra como!