Brasil tem os maiores juros reais do mundo. Entenda qual o impacto no seu bolso

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Moedas empilhadas em cima de um gráfico
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A alta da taxa Selic colocou o Brasil no topo do ranking de países com juros reais mais caros do mundo. É o que aponta levantamento divulgado no início de fevereiro pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.

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Esta posição não é recente. O país tem se mantido com os juros mais caros desde maio de 2021. 

No entanto, o tema voltou ao foco recentemente, depois que o presidente Lula criticou o cenário. Um dos principais apontamentos é que os juros dificultam o acesso ao crédito, tanto para as famílias quanto para as empresas. 

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Atualmente em 13,75% ao ano, a Selic vem de uma série histórica de aumentos que só parou em agosto de 2022. Desde então, ela está mantida no patamar atual, que segundo especialistas só deve ser relaxado a partir do segundo semestre. 

Até o início de 2021, os juros estavam mais controlados, chegaram a ficar seis meses estacionados em 2%. Porém, em março daquele ano começaram as elevações sucessivas pelo Banco Central na tentativa de controlar a inflação.

O objetivo de elevar a Selic segue uma lógica fácil de compreender: com juros mais altos, o dinheiro fica mais caro e isso reduz o consumo das famílias, consequentemente os preços também caem. 

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O problema é que, do outro lado da balança, o acesso ao crédito também fica mais difícil, podendo afetar o crescimento econômico. 

O que são juros reais?

Taxa de juros real é um conceito bastante presente no universo dos investimentos. Basicamente, juros reais são os juros percebidos em um determinado montante após a subtração dos efeitos da inflação.

Em outras palavras, eles  representam o rendimento real de um investimento, ou seja, a taxa de juros que efetivamente aumenta o poder de compra do dinheiro investido. 

A fórmula para o cálculo dos juros reais é: juros reais = juros nominais – taxa de inflação.

Por exemplo: imagine um cenário em que a inflação é de 5% e os juros nominais de uma determinada aplicação são de 10%. Logo, os juros reais serão de 5%. 

Se neste mesmo cenário (de inflação a 5%), os juros nominais fossem de 5%, os juros reais seriam zero. 

Quando a inflação é maior que os juros nominais, os juros reais são negativos e isso significa que o investimento perdeu valor.

Na economia, aplica-se lógica semelhante. Dizer que o Brasil tem juros reais elevados quer dizer que o país está com os juros altos, já desconsiderando os efeitos da inflação.

Nos investimentos, os juros reais refletem o verdadeiro ganho ou perda do investimento em termos de poder de compra. Na economia, basta aplicar a lógica inversa, já que isso significa que o mercado está pagando mais juros. 

Montagem de gráfico com bandeira do Brasil ao fundo e uma ilustração de moeda
Brasil segue liderando a lista de maiores juros reais do mundo

Por que os juros estão tão altos?

Como já mencionado, desde maio de 2021, o Brasil tem liderado as taxas de juros reais em todo o mundo, atualmente em 13,75% ao ano. Inicialmente, o objetivo era frear a inflação, objetivo que em algum nível foi cumprido.

Porém, os juros elevados têm diversas causas e não apenas uma. Eles são influenciados tanto por fatores locais quanto internacionais, como a tendência de aumento das taxas de juros em economias desenvolvidas.

Outros pontos que contribuem são a volatilidade do câmbio, a inflação ainda acima do teto desejado (ela diminuiu, mas não o suficiente) e as incertezas fiscais no país.  

Como os juros impactam no bolso dos brasileiros?

A manutenção de juros altos pode ser isoladamente positiva para quem está investindo em aplicações atreladas à Selic, por exemplo. Se você acompanha notícias sobre investimentos, deve saber que a renda fixa está em momentos de glória

Porém, no cenário geral, juros reais elevados têm consequências negativas para a economia do país e para a população brasileira.

Afinal, isso significa que o dinheiro está mais caro. Em outras palavras, o crédito está mais caro, tanto para as pessoas físicas quanto para as empresas.

Diz-se que isso limita o crescimento econômico, porque nem as famílias conseguem obter recursos para consumir, nem as empresas têm dinheiro para investir. 

Além disso, o governo paga juros excessivos em sua dívida, pois os títulos do Tesouro Nacional que emite são indexados à Selic. Portanto, quanto maior a taxa, mais caro é para o governo tomar empréstimos.

Há especialistas que argumentam que juros altos não necessariamente impedem o crescimento econômico e que, olhando o cenário global, não há uma relação direta entre juros e desenvolvimento.

Porém, essa visão não é unânime e a maioria das pessoas ainda considera o aumento da Selic como algo negativo.

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