O preço da gasolina passou por nove aumentos apenas em 2021, o que soma uma alta de 27,5% nos oito primeiros meses do ano. Considerando um período de 12 meses, ela está 37% mais cara do que em agosto do ano passado.
Essa alta impacta não só os donos de carros ou usuários do transporte público. Ela tem sido um dos principais responsáveis pela inflação, que deve encerrar o ano com crescimento de 7,11%, segundo a mais recente pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central.
Pandemia, valor do petróleo, alta do dólar, crise política e até carros elétricos são fatores listados para explicar os reajustes no preço da gasolina no Brasil. O que faz o Brasil ficar em 5º no ranking de países com o maior custo para se manter um carro.
Apenas no Uruguai, Colômbia, Argentina e Turquia, respectivamente, os gastos com veículos são maiores. Dados da pesquisa feita pela consultoria britânica Scrap Car Comparison.
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Valor médio do preço da gasolina nos estados
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou entre os dias 15 e 21 de agosto mais uma pesquisa semanal de preços de combustíveis em todo o território nacional.
Na ocasião foi constatado que entre todos os estados do Brasil, três já possuem o preço do litro da gasolina superior aos R$7.
O “título” de gasolina mais cara do país vai para o Rio Grande do Sul, onde o preço já está em R$7,18, com o segundo lugar ficando para o Acre custando R$7,13 e em terceiro o Rio de Janeiro com o preço de R$7,05.
Abaixo dos R$7, em seguida, temos Sergipe e Minas Gerais com os preços de R$6,78 e R$6,75, respectivamente.
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Por que os preços estão subindo?
Para a professora e assessora estratégica na FGV Energia, Fernanda Delgado, um dos motivos da alta do preço da gasolina é o monopólio da Petrobras em relação ao mercado de derivados do petróleo no país.
Dona de 98% da capacidade de refino do país, a Petrobras acaba determinando o preço dos combustíveis vendidos pelas refinarias, já que o valor praticado por ela será o mesmo para (quase) todo o mercado.
Contudo, a especialista explica que a política adotada em 2016 pela Petrobras que equipara os preços do barril de petróleo no Brasil ao praticado no mercado internacional é o ponto chave para a resposta.
“A volatilidade do preço do barril de petróleo Brent que tem puxado a alta dos combustíveis no país. “Quando o preço do petróleo varia lá fora, ele também varia aqui”, ressalta Fernanda Delgado.
E os impostos?
Muitos acusam os impostos como culpado do preço da gasolina. A incidência de ICMS sobre a gasolina é a principal. A alíquota varia entre os estados: no caso da gasolina, chega a 30% em alguns locais.
Contudo, o tributo permanece inalterado há vários anos. Embora este imposto seja, de fato, importante na composição do valor final, os aumentos da gasolina em 2021 não foram impulsionados diretamente por ele.
O que acontece? O imposto é cobrado em cima de uma estimativa de preço médio pago pelos consumidores.
Assim, se o preço sobe na bomba, os governos estaduais podem subir a estimativa de preço médio sobre o qual o ICMS incide.
Mas, você sabe como é composto o preço da gasolina cobrado na bomba? Ele é composto pelas seguintes porcentagens:
12,2%: distribuição e Revenda;
15,7%: custo do Etanol Anidro;
27,4%: ICMS;
11,7%: CIDE e PIS/PASEP e COFINS;
33%: realização da Petrobras.
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Qual a perspectiva até o final do ano?
Para Fernanda Delgado, a tendência é que o preço da gasolina fique mais barato até o fim do ano. Segundo ela, a perspectiva hoje é de baixa, porque estamos vendo algumas economias voltando a se fechar por causa da variante Delta.
“Houve um movimento de recuperação econômica, mas agora temos algumas incertezas em relação à retomada, em especial a da China”, diz ela, acrescentando que há um aumento sazonal nos preços no fim do ano, por causa do aumento do consumo durante o inverno no hemisfério norte.
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