No Brasil, possuir uma previdência complementar é um bom caminho frente à incerteza envolvendo o valor e o direito à aposentadoria pelo Governo, a chamada previdência social. Isso porque, como ela é pública, depende de alterações e tomadas de decisões por parte do Executivo.
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Para se ter ideia, a modalidade chegou a R$1 trilhão em reservas no final de 2020, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).
Ou seja, trata-se de um produto financeiro muito comum no Brasil. No entanto, muitas pessoas mal sabem quais são as verdadeiras vantagens da previdência privada.
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Com esse cenário, talvez você se pergunte: vale a pena investir em previdência privada? A resposta é: depende da circunstância de cada poupador.
Os fundos de previdência têm vantagens fiscais interessantes e mecanismos que facilitam guardar dinheiro. Mas as vantagens podem ser anuladas pelo custo dos planos ou por uma escolha incorreta da seguradora, do tipo de plano ou da tributação.
Por isso, antes de decidir, é importante conhecer o que é previdência complementar e como funciona. Para te ajudar nesta escolha, confira o artigo.
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Como funciona o investimento em previdência complementar?
O mecanismo de funcionamento da previdência complementar é bastante simples de entender. Afinal, nele, tudo consiste em acumular para depois resgatar.
Por outro lado, até chegar o dia do resgate, é preciso estipular um prazo, que varia conforme o seu objetivo. Quanto mais tempo você reservar para acumular, mais terá para resgatar no futuro.
Sendo assim, o investimento em previdência privada é, necessariamente, de longo prazo. Você aplica um valor mensalmente, tal como se fosse em uma caderneta de poupança.
Com o tempo, esse dinheiro rende juros, até formar uma reserva financeira. Essa reserva servirá como uma garantia para a instituição que detiver sua guarda. Em troca, ela pagará juros sobre o valor aplicado.
Tipos de previdência complementar
Ao escolher um plano de previdência complementar, é necessário optar entre dois principais planos:
PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre
VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre
Uma informação importante é que, uma vez escolhido o plano, não é possível trocar de modalidade, mesmo fazendo portabilidade para outra instituição, por exemplo. Portanto, atente-se aos detalhes descritos a seguir antes de tomar sua decisão!
PGBL
A condição mais relevante do plano PGBL é que ele permite uma vantagem tributária ao investidor: o abatimento de até 12% da base de cálculo do imposto de renda. Mas isso só faz sentido para quem contribui regularmente para o INSS e declara imposto de renda pelo modelo completo.
VGBL
Já nos planos VGBL, não há a condição de abatimento da base do imposto de renda. Por outro lado, a tributação de IR ocorre somente sobre os rendimentos, enquanto que no PGBL a tributação incide sobre o total do valor resgatado.
+ Planos de previdência privada: PGBL ou VGBL? Quais as diferenças?
Planos fechados
Os planos fechados de aposentadoria são exclusivamente disponíveis para determinados grupos. Eles são operados sem fins lucrativos por empresas e entidades de classes a seus membros.
Também conhecidos como fundos de pensão, são divididos em planos instituídos e patrocinados. Os planos instituídos funcionam basicamente como qualquer outra aplicação em previdência.
Nos planos patrocinados, no entanto, a instituição contribui com o saldo da aposentadoria junto ao beneficiário. Ou seja, a patrocinadora paga uma parte da previdência privada e, o contratante, a outra parcela.
Como funciona a tributação
Para incentivar o investimento de longo prazo, a previdência complementar tem algumas vantagens fiscais.
A primeira é a possibilidade de o assalariado deduzir (descontar) os valores aplicados até o equivalente a 12% da renda anual na declaração completa do Imposto de Renda.
Na verdade, o imposto é adiado (ou diferido, na linguagem da Receita) e será pago quando o investidor for sacar o dinheiro do fundo, que tem de ser um PGBL.
Assim, o imposto no resgate será cobrado não só sobre o rendimento, como ocorre nas demais aplicações, mas sobre o principal também. O VGBL não permite deduzir as contribuições.
+ Descubra as principais diferenças entre Fundos de pensão e previdência privada
Outra vantagem fiscal dos fundos de previdência é a tributação no resgate. Na hora que inicia o plano de previdência, o investidor pode optar por duas formas de tributação para quando for receber o valor.
Uma delas é a tabela progressiva de alíquotas, que é a mesma usada nos salários e no carnê Leão, e que tem uma faixa isenta até determinado valor e alíquotas que vão de 7,5% a 27,5%, de acordo com a retirada mensal.
A tributação progressiva pode ser boa para valores menores ou se o contribuinte tiver despesas para abater do Imposto de Renda na aposentadoria, como planos de saúde.
A outra, mais usada e mais simples, é a tabela regressiva, que começa com 35% nos primeiros dois anos e vai caindo 5 pontos percentuais a cada dois anos até chegar a 10% após 10 anos, independentemente do valor sacado.
Tributação regressiva de Imposto de Renda
Prazo | Alíquota de IR |
Até 2 anos | 35% |
De 2 a 4 anos | 30% |
De 4 a 6 anos | 25% |
De 6 a 8 anos | 20% |
De 8 a 10 anos | 15% |
Acima de 10 anos | 10% |
No caso do PGBL, mesmo pagando o imposto no resgate sobre o valor aplicado, há a vantagem de trocar a tributação hoje, de até 27,5% sobre a renda, pela do fundo no futuro, que cai para 10% daqui 10 anos, dependendo do tipo de tributação escolhida.
Se escolher a tabela progressiva e tiver muitos abatimentos, o investidor pode ficar isento de imposto.
Para quem não é assalariado ou não faz a declaração de renda completa, e quer usar os benefícios fiscais da tabela regressiva, a opção são os VGBL.
Afinal, ele tem as mesmas características do PBGL, só não permite deduzir as contribuições do imposto de renda. Em compensação, no resgate, a tributação é cobrada só sobre o rendimento obtido.
Ele é muito usado como opção aos fundos de investimentos pela tributação menor ou para planejamento sucessório para famílias de alta renda.
3 cuidados ao escolher fundo de previdência complementar
Ao escolher um fundo de previdência complementar, além de escolher por um plano PGBL ou VGBL e um regime progressivo ou regressivo, outros detalhes devem ser observados:
1 – Taxas:
Quando muito elevadas, podem prejudicar seus aportes e a rentabilidade do fundo.
2 – Risco x Retorno do fundo:
O investidor deve ficar atento às estratégias adotadas pelo fundo. Em quais ativos o fundo investe?
São mais conservadores ou mais arriscados? É um fundo de renda fixa ou um fundo balanceado, com parcela do patrimônio em ações? Conheça seus objetivos e perfil de risco antes de escolher o fundo;
3 – Carência:
Fique atento no prazo de carência do seu fundo de previdência. O prazo mínimo é de 60 dias, mas pode ser que ele tenha uma carência de 1 ano, por exemplo, e você não conseguirá fazer resgates no primeiro ano de contribuição.
Como escolher o plano certo?
Agora que você já sabe os tipos de previdência complementar, é preciso parar, pensar e escolher o mais adequado para você. Além de saber das características, você deve entender a estratégia adotada pelos fundos de previdência antes de investir em um deles.
Também é super importante pesquisar sobre o histórico do gestor ou empresa em que você deseja investir, dando preferência para opções com boa reputação.
Para quem está começando a investir para a aposentadoria, os planos de previdência privada podem ser uma ferramenta para testar a tolerância ao risco.
Como são recursos que permanecem aplicados por muito tempo, uma perda eventual tende a se diluir e ser recuperada até o momento do resgate.
E então? Conseguiu entender melhor como funciona a previdência complementar? Confira os melhores planos de previdência privada para cada perfil