Se você é um investidor moderado ou conservador e quer diversificar sua carteira, precisa aprender a investir em CRI e CRA. São papéis de renda fixa, mas com um pouco mais de risco em relação a títulos públicos. Consequentemente, também são mais rentáveis.
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Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são também isentos de Imposto de Renda. Por isso estão entre os preferidos dos investidores que buscam por renda fixa.
Ambos têm uma lógica semelhante: são certificados de recebíveis. Isso quer dizer que são emitidos por empresas privadas, chamadas de securitizadoras, como um certificado de crédito a receber.
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A principal diferença entre eles está justamente no setor das operações em que são lastreados, ou seja, a origem dos recebíveis securitizados: setor imobiliário (CRI) e setor de agronegócio (CRA).
Portanto, os CRIs são lastreados por operações do mercado imobiliário, como financiamentos (residenciais, comerciais, de construções), contratos de aluguéis de longo prazo etc.
Já os CRAs são lastreados por empréstimos relacionados à produção ou comercialização agrícola, à industrialização de produtos, insumos ou máquinas do agronegócio.
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E como você investe com isso? Vamos entender!
Como funciona uma aplicação em CRI e CRA?
Investir em CRI e CRA é parecido com outras aplicações de renda fixa. Ou seja, você compra os papéis em uma instituição e recebe juros enquanto mantém seu dinheiro aplicado.
A forma de rentabilidade pode se dar de três formas: pré-fixada, pós-fixada ou atrelada à inflação.
Quando você escolhe um CRI ou um CRA pré-fixado, já sabe desde o momento da aplicação quanto de rentabilidade vai receber ao final do prazo. Isso porque o valor dos juros são previamente determinados: 5% ao ano, 7% ao ano etc.
Já em um papel pós-fixado, você não sabe exatamente quanto receberá ao final da aplicação. Mas sabe qual será o indicador que servirá de referência para a remuneração.
Um exemplo de indicador utilizado nesses papéis é o CDI — Certificado de Depósito Interbancário —, que é o principal índice de rentabilidade quando se fala em renda fixa. Aposto que você já viu, por exemplo, contas digitais que rendem 100% do CDI (é porque elas estão aplicando em renda fixa).
Outro exemplo de indicador é a própria taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia.
Você também pode encontrar papéis de CRI e CRA que rendem “CDI mais spread”. Isso significa que a remuneração é igual ao CDI somado a uma taxa. Essa taxa pode ser de 2% ao ano, por exemplo, ou qualquer outro percentual.
Já quando o certificado de recebíveis tem remuneração atrelada à inflação, significa que uma é parcela pré-fixada e outra pós-fixada. A primeira tem uma taxa de juros mínima estabelecida e a outra segue a variação da inflação, o IPCA — Índice de Preços ao Consumidor Amplo — ou o IGP-M — Índice Geral de Preços – Mercado.
Liquidez dos certificados de recebíveis
Se você vai investir em certificados de recebíveis, é fundamental saber sobre a liquidez destas aplicações. Tanto o CRI quanto o CRA são considerados produtos de baixa liquidez.
Isso quer dizer que você não consegue resgatar o dinheiro investido nessas aplicações a qualquer momento, se precisar. Ou, se conseguir, poderá não obter a rentabilidade desejada ou perder dinheiro.
Ao aplicar nesses papéis, é importante respeitar o vencimento — que você conhece já no momento em que vai aplicar. Somente respeitando esse prazo para realizar o resgate, obterá a rentabilidade desejada.
Logo, não é uma boa ideia colocar a sua reserva de emergência, por exemplo, em certificados de recebíveis. Esse objetivo demanda investimentos com maior liquidez, como o tesouro direto, CDBs com liquidez diária, contas digitais remuneradas, etc.
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Além disso, é preciso pensar se o prazo do seu CRI ou CRA condiz com o seu objetivo. Se é uma aplicação que visa uma viagem daqui a cinco anos, por exemplo, você não deve aplicar em um certificado cujo prazo é para daqui 15 anos.
A maioria dos certificados de recebíveis vencem no longo prazo, a partir de dois anos, podendo chegar a mais de 15.
Caso invista nesses papéis e precise resgatar antes do prazo, a alternativa poderá ser o mercado secundário, onde é possível tentar vender os papéis diretamente a outros investidores interessados. Mesmo assim, a liquidez é restrita.
Como investir em CRI e CRA?
Na B3, a Bolsa de Valores, os certificados de recebíveis são negociados no chamado Bovespa Fix.
Trata-se do ambiente onde são listados papéis de renda fixa. Além de CRI e CRA, lá estão, por exemplo, os FIDCs — Fundos de Direitos Creditórios —, debêntures, letras financeiras.
Portanto, para investir em CRI e CRA, você precisa ter uma conta em uma corretora de valores. Por meio dela, você conseguirá comprar os papéis, seguindo um passo a passo mais simples do que parece:
- Acesse sua conta na corretora escolhida
- Observe as opções disponíveis na plataforma de investimentos
- Verifique o prospecto dos certificados — documento com todas as informações importantes sobre a aplicação
- Solicite uma reserva (informe quantos papéis pretende comprar e lembre-se que existe um período de reserva, que costuma durar algumas semanas)
- Transfira o dinheiro para sua conta na corretora e execute a ordem de investimento
De modo geral, não existe um valor mínimo para investir em CRI e CRA, mas dependendo do nível de risco e do potencial de retorno, um papel pode ser exigido um valor mínimo. Muitos permitem aplicações de menos de R$1 mil, outros são mais altos.
Além disso, algumas ofertas podem ser restritas a investidores qualificados. No entanto, isso não quer dizer que investidores mais iniciantes não possam aplicar também, em ofertas adequadas para o perfil.
Taxa de administração também é algo que não é cobrado na maioria dos certificados e várias corretoras isentam os investidores de corretagem ou custódia. Mas pesquise antes de escolher a sua, pois outras podem cobrar e há preços diferentes.
A corretora também é o caminho para adquirir CRIs e CRAs que já estão circulando no mercado secundário.
Cuidados a tomar
Investir em CRI e CRA é seguro e muito recomendado, mas assim como qualquer aplicação requer sabedoria e alguns cuidados básicos. O primeiro deles é pesquisar a corretora, como já mencionado.
Além de verificar taxas e custos de operação, pesquise sobre a reputação, verifique se está abrindo conta em uma empresa confiável e autorizada. Muitas também oferecem suporte ao cliente com dúvidas ao investir, o que pode ser valioso.
Em relação aos papéis em si, é importante verificar o nível de risco dos escolhidos, principalmente se estiver aplicando uma parte considerável do seu patrimônio. Cuidado para não se expor a muito risco, se você é um investidor com perfil conservador.
Como checar o risco? Conheça a securitizadora, a empresa que emitiu CRI ou CRA. Além disso, verifique se foi adotado o regime fiduciário, quando os créditos ficam separados do patrimônio da empresa.
CRIs e CRAs não são cobertos pelo FGC — Fundo Garantidor de Créditos — que é o fundo que garante o pagamento ao investidor, mesmo se a instituição financeira quebrar.
Então o regime fiduciário é mais uma segurança, pois o investidor não fica exposto ao risco da securitizadora, apenas das operações incluídas nos certificados.
Como já mencionado, lembre-se também de comparar os prazos e as rentabilidades dos certificados disponíveis. Compare com os de outros investimentos de perfil de risco semelhante.
Vantagens e desvantagens dos CRIs e CRAs
Assim como qualquer aplicação, existem vantagens e desvantagens em investir em CRI e CRA. Se vale a pena ou não, depende do seu objetivo, estratégia de investimentos e do seu perfil investidor.
Vantagens:
- maior rentabilidade que os títulos públicos e outras alternativas de renda fixa mais tradicionais
- isenção de Imposto de Renda
- se o papel for emitido no “regime fiduciário”, não há o risco da securitizadora
Desvantagens:
- não possuem cobertura do FGC
- liquidez baixa ou restrita
- apresenta risco e requer atenção e conhecimento do investidor
FinanceOne lança curso Finanças e Investimentos Inteligentes
Investir em CRI e CRA pode fazer total diferença na sua carteira de investimentos, mas é fundamental aprender para não cair em armadilhas. Que tal se aprofundar mais neste universo?
O FinanceOne lançou o curso online Finanças e Investimentos Inteligentes, que ensina tudo que você precisa saber para começar a investir ou a diversificar a sua carteira.
As aulas são online e ministradas por Daniel Garza, educador e assessor financeiro especializado em finanças pessoais e sócio da empresa Manchester Investimentos, um dos escritórios de maior crescimento no mercado financeiro e vinculado a XP Investimentos.
O conteúdo é estruturado em:
1 – Introdução às Finanças Pessoais
2 – Introdução ao Mercado Financeiro
3 – Renda Fixa Pública
4 – Renda Fixa Privada
5 – Renda Variável Fundos
6 – Renda Variável Bolsa de Valores
7 – Estratégias de Operação em Bolsa
8 – Previdência Privada
9 – Montagem da Carteira de Investimentos
10 – Como lidar com Crises Financeiras
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