A guerra na Ucrânia fez com que russos e ucranianos recorrem às criptomoedas e ao bitcoin (BTC) para fazer frente à escassez de moeda corrente.
Afinal, durante o conflito armado, a confiança em bancos e instituições financeiras fica abalada. Aliado a isso, empresas como Visa, American Express e a Mastercard bloquearam várias instituições financeiras russas de sua rede de pagamento.
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Outras motivações do aumento da procura por moedas digitais são o bloqueio de alguns dos principais bancos russos do sistema SWIFT e a queda do valor do rublo face ao euro de mais de 80% desde o início do conflito.
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Entretanto, é importante ressaltar que Ucrânia e Rússia são países com umas das maiores adoções de cripto pela população. A Rússia, recentemente, reconheceu o bitcoin como moeda e existe uma proposta para regularizar a mineração no país.
De acordo com o ranking da consultora Chainalysis, a Ucrânia é o país europeu com maior taxa de adoção de criptomoedas e o quarto a nível mundial.
Enquanto isso, a Rússia é o terceiro país do mundo que mais minera mais moedas digitais – 13.6% do total -, ficando apenas atrás dos Estados Unidos da América (42,7%) e do Cazaquistão (21,9%).
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Volume de criptomoedas aumenta na Rússia e na Ucrania
Desde o início da guerra na Ucrânia, o volume de criptomoedas cresceu consideravelmente em ambos os países. Na Rússia, o montante aumentou 231%, e na Ucrânia, 107%.
Ativos digitais pareados em dólar como Tether (USDT) e Binance USD (BUSD) foram os mais usados, mas volumes significativos foram enxergados em Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH).
Vale destacar que pelo menos US$48 milhões até agora foram enviados ao esforço de guerra ucraniano por meio de doações anônimas de bitcoin. E recentemente, o governo russo declarou que aceita negociar gás natural e petróleo por Bitcoin.
Para se ter ideia, dados da consultoria Coindesk indicam que a média diária do volume de recursos movimentados diariamente em criptomoedas é de US$1,5 bilhão.
Bitcoin e Ethereum operam em alta após queda no início da guerra na Ucrânia
O bitcoin e o mercado de criptomoedas vivem um momento de grande volatilidade desde o início da guerra na Ucrânia. Em meados de março, o bitcoin chegou a valer US$37.500.
Entretanto, a moeda digital, no início de abril, já vale US$48.000, valor não visto desde 3 de março. Especialistas acreditam que o preço continuará subindo para atingir máximas iguais a US$52.000.
As perdas do Bitcoin, segundo analistas, começaram com as más notícias de uma falta de acordo entre Rússia e Ucrânia sobre a guerra que atinge a região.
Para o diretor de investimentos da QR Asset Management, Alexandre Ludolf, apesar dos últimos movimentos, o bitcoin ainda mantém uma certa descorrelação.
“Por conta da política monetária imutável do ativo, se houver uma espiral inflacionária generalizada, o bitcoin será pouco afetado. A crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus mostrou que a descorrelação fica mais evidente depois que a crise passa, uma vez que a recuperação do bitcoin é muito mais rápida que a dos outros ativos”, explica Ludolf.
O especialista ressalta ainda que no que diz respeito a altcoins, com exceção de alguns protocolos, elas se equiparam mais a empresas e startups num contexto de venture capital do que a moedas ou ativos econômicos propriamente ditos.
Portanto, são mais sensíveis aos ciclos econômicos, juros e inflação, diz Ludolf. Então, segundo ele, podem sofrer um impacto maior com o cenário geopolítico atual.
Especialista do FinanceOne explica o que vai acontecer com o Bitcoin
Para o colunista do FinanceOne, Renato Carvalho, que possui um vasto conhecimento sobre o mercado de moedas digitais, a guerra na Ucrânia vai fazer o Bitcoin vai sofrer.
De acordo com ele, não importa qual seja o risco global, o histórico mostra que em tempos de incerteza o preço da moeda cai drasticamente.
Contudo, Renato Carvalho sugere que o investidor tenha calma. Afinal, segundo ele, o preço vai voltar a subir mesmo sem saber ao certo qual será a duração dela da guerra na Ucrânia.
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Carvalho lembra que muitos analistas estavam prevendo o Bitcoin a 100.000 dólares ao fim de 2021, não aconteceu. Ele acredita que também não acontecerá até o fim de 2022, especialmente se o mundo tiver que lidar com esta guerra.
Portanto, esse é um bom momento para o investidor não fazer nada!
“Esta é a parte mais difícil de ser investidor, no meio do caos, manter a calma, pois qualquer movimento sem um raciocínio mais apurado e dando tempo ao tempo tende a ser equivocado”, pondera Renato Carvalho.
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