
Você já pensou em investir no exterior? Muitos brasileiros têm procurado essa forma para diversificar a carteira e ganhar muito mais dinheiro.
De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), no primeiro trimestre de 2021 as aplicações em fundos de investimentos de outros países cresceram 40,2%.
Se há tantas pessoas procurando pelas aplicações de fora, deve estar valendo a pena… Mas será que vale a pena para todo mundo? Será que não há riscos?
Além de entender essas questões, é fundamental compreender como esse tipo de aplicação funciona. Assim como as taxas e impostos que serão cobrados.
Quer saber mais? Então continue lendo este artigo!
Como investir no exterior?
Investir no exterior, ou seja, aplicar em ativos financeiros fora do Brasil, não é um bicho de sete cabeças. Pelo menos não para quem já está acostumado a investir nas aplicações brasileiras.
Mas existem algumas formas de fazer isso. Podemos listar quatro principais:
Fundos de investimentos no exterior – que basicamente funcionam como os FDIs no Brasil, nos quais os recursos financeiros de um grupo de pessoas são aplicados em um investimento em conjunto.
ETFs – essa é a sigla em inglês para Exchange Traded Funds, que também é um tipo de fundo, mas se baseia em índices da Bolsa de Valores.
BDRs – os Brazilian Depositary Receipts, um certificado de depósito emitido e negociado no Brasil que representa ações de empresas listadas em Bolsas de outros países. São considerados a alternativa mais simples para aplicar no exterior
Um fato legal: a maioria dos BDRs era restrita a investidores qualificados. Mas agora a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permite que qualquer pessoa física invista (nas categorias de BDRs Não Patrocinados e Patrocinados de Nível 1).
Abrindo uma conta em corretora estrangeira – isso também é possível, de modo que a pessoa pode até mesmo comprar ações diretamente no exterior. O investidor envia dinheiro para a conta mediante transação de câmbio.
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Quais são os impostos para quem investe no exterior?
Isso vai depender do tipo de aplicação. Ao investir em fundos estrangeiros, por exemplo, a tributação funciona como no Brasil, mas a alíquota é fixa.
As liquidações e resgates são tributados sempre em 15% sobre o lucro. Além disso, há os custos de Taxa de Administração e Performance.
Com os EFTs, como não há necessidade de enviar dinheiro para fora, o investidor não tem os custos de câmbio. Além disso, os ganhos são sempre tributados em 15%.
Outros custos são a taxa de corretagem sobre a compra e a venda, a taxa de administração e a Taxa de Custódia da Bolsa. A tributação dos dividendos fica a cargo do administrador do fundo, mas o recolhimento do imposto é feito pelo investidor.
Com os BDRs também não há necessidade de abrir uma conta no exterior ou enviar dinheiro para fora. Esse investimento também não requer a declaração do Imposto de Renda no exterior.
A regra é a mesma das ações: tributação de 15% dos lucros das operações de Swing Trade (que começam em um pregão e terminam em outro); e 20% nas operações de Day Trade (compra e venda no mesmo pregão).
Já ao investir no exterior de forma direta, ou seja, abrindo uma conta em corretora estrangeira, os custos incluem a taxa de câmbio e o Imposto sobre Operações de Crédito (IOF). Afinal, haverá remessa de dinheiro para fora.
O investidor também vai pagar o Imposto de Renda conforme a tabela progressiva, caso tenha lucros com aplicações fora do Brasil. Confira a tabela:
GANHOS | ALÍQUOTA |
Até R$5 milhões | 15% |
R$5 a R$10 milhões | 17,5% |
R$10 a R$30 milhões | 20% |
Acima de R$30 milhões | 22,5% |
Vale a pena investir em aplicações estrangeiras?
De modo geral, não há grandes desvantagens em recorrer a aplicações de fora. Apenas o risco já inerente aos investimentos, sobre os quais falaremos mais a seguir.
Então, sim, em geral pode valer a pena investir no exterior. Uma das vantagens é a diversificação da carteira somada à possibilidade de lucrar em outras moedas mais valorizadas.
Para se ter uma ideia, enquanto a Bolsa brasileira tem cerca de 550 empresas, o mercado financeiro dos Estados Unidos tem mais de 6 mil ativos.
Então é possível investir em ações de gigantes multinacionais, por exemplo, empresas que atuam em todo planeta. Fora a maior variedade de ativos.
A questão é: será que investir no exterior vale a pena sempre e para todo mundo? A resposta é: depende.
Depende do perfil do investidor, de encontrar a opção mais adequada a esse perfil, dos objetivos pessoais.
Por isso, antes de tomar uma decisão, avalie bem os prós e contras de cada modalidade de aplicação, considere as taxas e impostos e, principalmente, veja se essas aplicações se enquadram dentro das suas metas financeiras.
Também tenha cautela. Na mesma proporção que a variedade de ativos cresce, aumenta o desafio de escolher a aplicação mais vantajosa.
Fora que, dependendo da situação, pode haver investimentos nacionais mais atrativos, com mais rentabilidade e segurança.

Quais são os riscos ao investir no exterior?
Como já mencionado, existem os riscos inerentes a essas aplicações e também um fator importante: o valor das moedas (que podem ser fatores favoráveis ou desfavoráveis ao investidor).
O primeiro risco a ser considerado é a variação de câmbio. Afinal, lucrar em uma moeda que está valorizada e que tende a permanecer assim é um bom negócio. Mas o movimento oposto: lucrar em uma moeda que desvaloriza, não é vantajoso.
Por exemplo, imagine uma aplicação feita nos Estados Unidos, que vai render dólares. Se o dólar cair e o real aumentar, o rendimento também cairá. Já se o dólar aumentar, a rentabilidade também sobe ao ser convertida em reais.
Outros riscos ao investir no exterior são os fatores de mercado, crédito, liquidez e até os riscos políticos.
Ou seja, assim como investir no Brasil requer um certo conhecimento sobre o mercado e um bom olho para analisar o cenário, investir fora também. São os riscos inerentes às aplicações.
É por isso que, em geral, diz-se que investir no exterior vale a pena. Não haverá garantia de rendimentos e é necessário cautela, mas nada que já não seja necessário ao aplicar no Brasil.
Para resumir, podemos listar três prós e contras principais sobre investir no exterior.
Vantagens:
- Diversificação da carteira
- Maior variedade de ativos
- Possibilidade de rendimentos em moedas mais valorizadas
Desvantagens:
- Taxas de câmbio (dependendo da aplicação)
- Suscetibilidade à variação cambial
- Necessidade de entender o mercado financeiro internacional