
O dólar iniciou 2020 a R$4,02 e encerrou o ano a R$5,19, acumulando ganho de 29,9% no período. Na média de 2020 a cotação da moeda americana ficou em R$5,15, o que representa alta de 30,7% em relação a média de 2019 (R$3,94).
Em janeiro de 2021, quando a eleição presidencial norte-americana se resolveu e as primeiras vacinas contra o coronavírus começaram a chegar ao mercado, a percepção era que os piores momentos do câmbio tinham passado.
Passados mais de três meses de 2021, porém, a moeda continua com cotações dos R$5,50 aos R$5,80. Especialistas dizem que o resultado é um sintoma da crise do Covid-19 que persiste no país.
A inabilidade em controlar o avanço das mortes e infecções por coronavírus, ao lado de um programa de vacinação que começou lento e atrasado, prolonga a pandemia e, com ela, as agonias que trazem à economia –e isso redunda em mais temor pelo desarranjo fiscal.
E, aliado a isso temores do “risco fiscal”. Ou seja, a preocupação com a possibilidade de que o governo não se comprometa em reverter o seu nível de endividamento já recorde.
O resultado é que o Real está no topo da lista das moedas que mais perdem valor para o dólar no mundo. Um levantamento feito pela Austin Rating revela que estamos atrás apenas do Sudão, Líbia e Venezuela.
Juros baixos no Brasil
Outro fator que também jogou contra o real nesse ano de pandemia foram os juros domésticos. Eles saíram dos mais altos do mundo, no passado recente, para um dos mais baixos entre os países emergentes.
Em 2020, o Banco Central baixou a Selic, a taxa de referência do país, a 2% ao ano, a menor da história. Atualmente, ela está em 3,5% ao ano, patamar ainda historicamente baixo.
Mais do que a taxa em si, porém, interessa aos investidores o que os economistas chamam de diferencial de juros. Ou seja, a diferença entre os juros de uma economia em comparação ao de outras.
São esses juros que servem de referência para remunerar os títulos públicos e toda a renda fixa do país.
+ O que faz o Dólar subir ou descer em relação ao Real?
Afinal, países emergentes economicamente precisam de juros estruturais mais altos do que o dos pares desenvolvidos. Assim conseguem manter alguma atratividade para os investidores de fora.
Para se ter uma ideia, após a crise financeira de 2008, enquanto os juros básicos norte-americanos estavam abaixo de 0,5%, a Selic brasileira dava um retorno que variou de 6% até 14%. Hoje, os juros norte-americanos estão de novo próximos do zero, mas com a Selic abaixo de 4%.

O que esperar do dólar em 2021?
Analistas consultados pelo Banco Central esperam que o câmbio termine 2021 na casa de R$5,15, de acordo com o boletim Focus.
Economistas da Órama Investimentos apostam entre R$5,40 e R$5,60. Na mesma linha do Boletim Focus, os analistas da Ágora Investimentos acreditam que o dólar fica na casa dos R$ 5.
Já os especialistas da BTG Pactual Digital e da Guide estão mais confiantes. Para eles, a estimativa da moeda norte-americana para este ano é de R$4,80 ou R$4,90.
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