
As incertezas sanitária, fiscal e política dominam o cenário econômico nacional. Esse três pilares vão pautar os investimentos para maio.
O ano começou com expectativas positivas para a economia brasileira, retomada era a palavra de ordem. Contudo, tudo indica que a economia brasileira vai piorar antes de melhorar, com a formação de uma tempestade perfeita no final do primeiro semestre.
Para acomodar nas projeções de 2021 o pior momento da crise sanitária, juros maiores e deterioração fiscal, bancos revisaram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para algo mais próximo a 3%, com os mais pessimistas prevendo crescimento na casa dos 2%.
Outros pontos que pesam contra o rumo econômico são desemprego continua recorde, o contágio da pandemia ainda elevado e a meta da inflação bem acima da meta. Aliado a isso, não existe perspectiva de aprovação de reformas econômicas robustas que reduziriam o risco fiscal.
Como a alta da Selic afeta os investimentos para maio?
Outra mudança foi uma nova elevação da taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que pode movimentar os investimentos para maio. A alta confirma a sinalização externada pelo próprio BC em seu último comunicado, a taxa subiu de 2,75% ao ano para 3,50% ao ano.
É o segundo aumento da Selic depois de um ciclo de cortes, em que a taxa chegou a apenas 2% ao ano. O ciclo de altas não deve parar por aí. A expectativa do mercado é que o juro básico chegue a 5,5% ao fim do ano.
“O investidor olha para a Selic, mas o correto seria olhar o comportamento da curva de juros. A renda fixa olha horizontes mais longos”, explica o sócio-diretor da Galapagos Wealth Management, Arnaldo Curvello.
Ainda de acordo com ele, os títulos prefixados e de inflação já vêm refletindo a expectativa de aumento da taxa de juros. Curvello ressalta ainda que a taxa de juros para 2 anos já está em 7% e a de 5 anos, em 8,30%.
“Isso já traz para o investidor a possibilidade de taxas mais altas do que ele vê agora na Selic”, destaca o economista.

É a hora de investir na renda fixa?
Com a Selic em alta, os investimentos para maio em renda fixa passam a pagar mais. Em outras palavras, o rendimento aumenta.
Entretanto, como poupança e CDI, continuam rentabilidades pouco interessantes quando considerada a inflação. Com a Selic a 3,50% a.a., a rentabilidade da poupança passou a ser de 0,20% ao mês e 2,45% ao ano, porém a inflação acumulada em 12 meses em 6,17% anula todos esses ganhos.
Ou seja: só passa a valer a pena investir em poupança e CDI se a Selic estivesse a partir de 6,5% ao ano, o que está longe de acontecer.
Contudo, vale atenção para alguns investimentos em renda fixa como os Títulos Nota do Tesouro Nacional-Série B (NTN-B), pós fixados cuja rentabilidade varia conforme o IPCA, e debênture incentivada da Vale.
Para o estrategista-chefe da Clear Corretora, Roberto Indech, a alta da Selic não mudou nada em tese de investimento uma vez que o próprio mercado já esperava que a Selic subirá para entre 5% e 6% ao ano até o final de 2021, portanto, já havia precificado esta alta.
Porém, para ele, a diversificação da carteira algumas novas oportunidades podem surgir em breve.
“CRIs [Certificado de Recebíveis Imobiliários] e CRAs [Certificado de Recebíveis do Agronegócio] que trazem retorno de 4% ou 4,5% ao ano mais o CDI podem ser interessantes, mas não considerando 2021. Considerando 2022 porque esses ativos não têm vencimento curto, mas uma perspectiva de que o dinheiro vai ficar preso por cerca de um a cinco anos. Eles têm oportunidades melhores porque são isentos para Imposto de Renda”, diz Indech.
Ações e investimentos no exterior são boas opções
Além da renda fixa, ações de bancos e seguradoras também podem se beneficiar de juros mais altos e se tornam boas opções para investimentos para maio.
Por outro lado, empresas de varejo e construção civil podem ter queda no faturamento. Afinal, as companhias com uma dívida elevada também podem ser impactadas negativamente pela alta da Selic.
Especialistas também recomendam a presença de ativos ligados a outras economias na carteira para fugir do chamado “risco Brasil”. São algumas opções:
– dólar, euro e ações no exterior: via BDRs (recibo depositário de ações, na sigla em inglês) ou ETFs (fundo de índice),
– ouro: também é apontado como ativo de segurança.
Independente do cenário, é imprescindível que investidores diversifiquem a carteira, de modo a reduzir os riscos.