
O Relatório de Cidadania Financeira 2021 divulgado pelo Banco Central (BC) revela que a inclusão financeira teve importantes avanços no Brasil. O percentual de adultos com acesso a serviços financeiros saltou de 85% em 2019 para 96% em 2020.
No entanto, embora tenha havido evolução, ainda existem pessoas que não conseguem acessar serviços básicos relacionados às finanças. Mas quais são as barreiras que impedem isso?
Para compreender essa questão, é preciso entender o que é, afinal, essa tal de inclusão financeira.
O termo, basicamente, se refere à promoção do acesso a produtos financeiros. Ou seja, serviços como conta corrente, poupança, pagamentos digitais, cartões de crédito, empréstimos.
No site do Guia dos Bancos Responsáveis — uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com o apoio da Oxfam Novib —, a entidade simplifica bem a ideia do termo.
“A inclusão financeira pode contribuir para o desenvolvimento sustentável de países como instrumento de redução da pobreza, bem como um meio para combater a desigualdade”.
Ainda ressalta que, a nível nacional, o governo possui o papel de regulador e facilitador nesse sentido.
Já as instituições financeiras podem desempenhar um papel vital no fornecimento de acesso ao financiamento para todos os grupos de renda em uma sociedade.
Partindo desta ideia, é possível começar a entender quais são as barreiras para um maior acesso a produtos financeiros no Brasil e no mundo.
Principais barreiras para a inclusão financeira
Uma das barreiras que ainda atrapalha esse processo se manifesta na série de exigências para abertura de contas, a burocracia.
Isso acontece principalmente em intuições mais tradicionais.
Pessoas que não cumprem todos os pré-requisitos acabam ficando de fora, o que é um problema mais comum nas classes C, D e E, de acordo com o banQi. E mesmo quando conseguem, ainda há as taxas.
Esta é mais uma barreira que pode ser apontada. Em muitos bancos ainda é comum que se cobrem taxas de manutenção, transferências e outros serviços essenciais.
São valores que, em um primeiro momento, parecem pequenos. Mas ao longo do tempo podem representar o comprometimento de uma boa parcela da renda de clientes com baixa renda.
Isso porque muitos ainda não sabem que têm direito a conta corrente gratuita em qualquer banco.
Mas a inclusão financeira não se resume à abertura de contas. Afinal, muitas pessoas que possuem suas contas ainda são, por diversas vezes, exploradas e mal informadas sobre seus direitos e possibilidades.
Educação financeira é essencial para que as pessoas com acesso aos serviços tenham autonomia para fazer boas escolhas.
A ausência disso resulta em milhões de brasileiros inadimplentes e outros muitos propensos a criar dívidas.
“É necessário que as instituições financeiras evidenciem os direitos dos consumidores e riscos de produtos e serviços oferecidos a comunidades vulneráveis. Entretanto, faltam políticas nesse sentido por parte de todos os bancos”, consta em análise do Guia dos Bancos Responsáveis.
De acordo com a organização, porém, quase todos os bancos alegam integrar a educação financeira em seus portais e produtos e serviços.

Acesso a produtos financeiros cresceu no Brasil
De acordo com a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord), em 2017 o Brasil ficou em segundo lugar no ranking da inclusão financeira e digital.
O levantamento, que analisou a evolução desses aspectos em 26 países em desenvolvimento, foi realizado pelo Instituto Brookings a partir do ano de 2015.
A pesquisa considerou quatro aspectos:
. comprometimento do país com o assunto;
. capacidade móvel;
. ambiente regulatório; e
. adoção de serviços financeiros tradicionais e digitais.
Apesar disso, ainda há barreiras a serem vencidas, como mencionado anteriormente. Parte disso pode-se relacionar com as ações voltadas para a causa por parte de instituições financeiras.
O Guia dos Bancos Responsáveis fez um ranking dos bancos com ações voltadas para a inclusão financeira. Em último lugar ficaram empatados o Safra e o BTG Pactual. Em primeiro, ficou o BNDES.
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