Já ouviu falar na criptomoeda da Venezuela? O presidente do país, Nicolás Maduro, lançou no início do ano a moeda digital batizada de “Petro”, cujo símbolo é PTR.
O objetivo é ajudar o país a superar a crise econômica que vem se arrastando desde 2013. A criptomoeda da Venezuela tem valor equivalente a um barril de petróleo (cerca de 60 dólares).
No entanto, a Petro não funciona como o bitcoin ou ethereum. Ela é emitida pelo governo e tem seu preço fixado em 1 barril de petróleo venezuelano.
Os mineiros serão obrigados a indicar não apenas seu nome e localização, mas também o equipamento utilizado para extrair criptomoedas. A expectativa era arrecadar até US$ 6 bilhões de investidores dos Estados Unidos, Turquia, Qatar e outros países.
Criptomoeda da Venezuela é vinculada ao Petróleo
Além do petróleo, a nova moeda estará vinculada à riqueza de gás e à existência de ouro e diamante. Com isso, o Petro passa a ser uma unidade contábil obrigatória para empresas estatais. Principalmente a PDVSA (Petróleos da Venezuela), que lida com a principal categoria de exportação do país sulamericano.
De acordo com especialistas, essa medida visa burlar as sanções internacionais às negociações de petróleo entre países do mundo. O que facilitaria a venda de petróleo e outros produtos por meio de transações com criptomoedas.
Apesar disso, em junho, a Índia se recusou a comprar petróleo da Venezuela utilizando a criptomoeda Petro. Outra notícia ruim para o governo é que o presidente estadunidense Donald Trump proibiu que os cidadãos dos EUA comprem Petro.
A medida de Maduro para tentar acabar com a hiperinflação do país veio junto à extinção da moeda nacional, o Bolívar, e a apresentação do Bolívar Soberano. Na ocasião, ele cortou cinco zeros do valor dos antigos bolívares.
As medidas incluem um aumento de 35 vezes o salário mínimo (3.464%). Assim, o valor corresponderá a cerca de US$ 28.
Como comprar o Petro?
O governo da Venezuela ativou um site para orientar todas as pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras, nas etapas a seguir para a aquisição da moeda digital. Logo após o lançamento do portal, o presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) anunciou que o total de criptoativos a serem emitidos era de 100 milhões.
Do total, 82,4 milhões estiveram disponíveis para a pré-venda. Desses, mais de 80 milhões (44%) foram oferecidos em uma pré-venda privada e na oferta pública inicial.
Enquanto isso, 38,4% foram para a venda privada e 17,6% mantidos pela Superintendência de Criptomoedas e Atividades Conexas Venezuelana (Supcacven).
O presidente venezuelano afirmou que o país arrecadou uma receita de US$ 735 milhões no primeiro dia da pré-venda da Petro.
Governo também anuncia laboratório de blockchain
Além da criptmoeda da Venezuela, Maduro também anunciou a criação de um laboratório de blockchain. Uma plataforma para comprar e vender moedas virtuais, composta por uma equipe multidisciplinar de 50 pessoas. Esse grupo criará as condições técnicas e legais para a nova moeda.
O anúncio do presidente da Venezuela aconteceu no momento de grande popularidade do bitcoin. A moeda digital já é muito adotada no país por pessoas que querem proteger seu dinheiro dos efeitos da hiperinflação e da falta de bolívares em circulação.
O próximo passo já foi anunciado. Depois do Petro para o petróleo, Maduro planeja uma moeda digital fixada em relação ao ouro, o Petro-Ouro.
Vale a pena comprar a moeda digital da Venezuela?
Especialistas consideram que as profundas distorções políticas e econômicas do governo dificultam a confiança no Petro. O país vive uma crise financeira e humanitária sem precedentes.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta mais de 1.000.000% de inflação em 2018. Número que, somado à moratória, gera incertezas.
Além disso, a organização internacional compara a situação venezuelana com a da Alemanha logo após o fim da Primeira Guerra Mundial ou à do Zimbábue no fim dos anos 2010. A petromoeda, opinam, deveria ser acompanhada de um plano de reformas econômicas.
No entanto, no embalo da Venezuela, outros país também planejam criar suas próprias moedas digitais. É o caso de China e Rússia. Ambos os países, aliados de Maduro, planejam a viabilidade de criar um “cryptoiuan” e “cryptorublo”.
É o caso também do Japão e seu Banco Central, que têm planos de lançar a “J-Coin”. O objetivo é que a moeda digital já seja usada nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.