O surto de coronavírus provocou a queda da Bolsa de Valores brasileira. Durante o mês de março, o mecanismo de circuit breaker, que suspende os negócios, foi acionado algumas vezes.
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Consequentemente, o dólar atingiu os R$ 5 pela primeira vez. E a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) foi revisada.
Os analistas do mercado financeiro ainda reduziram novamente a estimativa de crescimento da economia brasileira neste ano. Ela passou de 1,99% para 1,68% de alta. Essa foi a quinta queda consecutiva no indicador.
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Com a atividade mais fraca, os analistas do Banco Santander também reduziram a projeção para a taxa básica de juros. O banco passou a prever um corte de 0,5 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Os executivos preveem também a redução de 0,25 ponto em maio, levando a Selic para 3,5%, patamar que deve ser mantido ao longo de 2020. A expectativa anterior era de manutenção de 4,25%.
Já para 2021, a estimativa é que a Selic suba a 4%. E muitos investidores ficaram sem entender direito o que estava acontecendo e como não perder dinheiro neste momento. A melhor forma de combater isso é a informação.
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Dicas dos analistas após a queda da Bolsa de Valores
» Não tome nenhuma decisão precipitada. Pense antes de se desfazer de papéis, não se desespere;
» Por maior que seja o susto, tente enxergar seu investimento como um retorno a longo prazo;
» Evite comprar caro nos momentos de valorização e vender barato diante de situações como esta;
» Aproveite a queda para diversificar sua carteira e manter o seu percentual de renda variável;
» Juros e renda fixa não conseguem mais multiplicar o patrimônio, para ter um rendimento maior é preciso estar suscetível à volatilidade.
Onde investir neste momento de crise?
O professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), César Caselani, tem uma boa notícia para os investidores que possuem um perfil mais conservador.
Segundo ele, é possível recorrer a ativos menos expostos e, que ao mesmo tempo, podem gerar ganhos interessantes no longo prazo.
“Recentemente, o Tesouro Direto ficou mais vantajoso e é uma opção mais conservadora, aos que buscam por estabilidade”, aconselha César Caselani.
Contudo, o especialista ressalta que a recomendação é manter a calma e não desistir facilmente da renda variável. A orientação de Caselani não é à toa: o Tesouro Direto sofreu uma leve alta em sua rentabilidade.
A taxa de retorno dos títulos públicos foi revisada para cima, equiparando-se a taxas de setembro de 2019, por exemplo.
O Tesouro Prefixado com juros semestrais e vencimento em 2031 fechou a semana oferendo um prêmio de 8,19% ao ano, taxa que superou os 9% no dia 12 de março.
Além disso, entre opções que oferecem mais segurança, principalmente em tempos de volatilidade, estão o ouro, fundos cambiais e títulos do Tesouro americano.
Outras aplicações para minimizar possíveis perdas
1 – Ouro
O ouro é um dos ativos mais buscados em tempos de crise. Ou seja, a queda da bolsa. Por se tratar de recurso natural, ele é um ativo com pouco risco e de alto valor. Afinal, já que não é possível produzi-lo de maneira artificial.
2 – Renda fixa
Títulos públicos pós-fixados, como os do Tesouro Selic podem render menos em relação a investimentos de renda variável. No entanto, são opções mais seguras e estáveis.
Na renda fixa, o empréstimo é feito ao governo (como o Tesouro Direto) ou a uma instituição financeira, e recebe em troca uma remuneração relacionada ao prazo da aplicação.
O retorno é estabelecido no momento da aquisição do ativo (préfixado). O mesmo acontece no resgate (pós-fixado), conforme a variação de índices como a Selic ou o IPCA, por exemplo.
Mesmo com os juros em patamares baixos, o Tesouro Direto tem garantido rendimentos acima da inflação. Além de serem seguros e estáveis.
3 – Fundos cambiais e multimercados
Comprar em dólar é uma forma de criar proteção contra solavancos dos mercados, sobretudo em países emergentes, como o Brasil que teve queda na bolsa. Neste caso a opção seria por fundos cambiais.
Já quem considerar fundos multimercados, deve procurar ajuda de um profissional. Isso porque é um tipo de investimento mais arriscado.
Contudo, ele pode ter rendimentos maiores do que a renda fixa, por exemplo. Neste caso, a preferência deve ser por fundos que não tenham relação com a Bolsa, para reduzir volatilidades.
4 – COE
Os chamados Certificados de Operações Estruturadas (COE) combinam a proteção da renda fixa com ganhos potenciais da variável. Eles são emitidos por instituições financeiras, como bancos e corretoras.
O seu funcionamento lembra o de um fundo de investimento. Claro que com algumas diferenças, como a exigência de um aporte mínimo e um indexador definido – como ações, juros, inflação, moedas e etc.
Além disso, tem data de vencimento e cenários diferentes de perdas e ganhos.
5 – Ações de setores menos expostos
Se a intenção é continuar apostando em renda variável, mas sem se preocupar com a alta volatilidade do mercado, a indicação é buscar companhias de setores menos impactados pelo cenário atual.
Ações de empresas ligadas aos setores elétrico, da saúde e ligadas ao consumo obrigatório (como alimentação) são alguns exemplos.
São companhias com fluxo de caixa mais garantido. Diferentemente de empresas do setor aéreo ou ligadas a commodities, como Petrobras e Vale, que têm sofrido fortes perdas nos pregões recentes.