Quem acompanha minha coluna mensal aqui no FinanceOne pode ter notado que ultimamente tenho escolhido temas que abordam diretamente o universo deste novo mundo de realidade virtual 3D, assim como nossa adaptação perante a ele como profissionais e líderes dos mais variados setores.
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Em minhas leituras me deparo regularmente com um espectro da audiência da internet que considera o metaverso uma “moda” ou algo que não irá perdurar por muito tempo no mundo dos negócios e tecnologia.
Se existe algo que a humanidade nos ensinou foi a aprender com a nossa própria história. Então todas as questões que estamos vivenciando hoje com a explosão do assunto “metaverso” é algo que já vivenciamos muitas e muitas vezes com outras novidades do mercado que eram desacreditadas e estavam fadado ao fracasso.
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Ninguém acreditava nos carros, assim como a Blackberry não acreditava na força dos smartphones focados em telas maiores, – e olha no que deu.
Existe uma citação famosa atribuída a Henry Ford que talvez você já tenha lido. Supostamente ele teria dito: “se eu tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, elas teriam dito cavalos mais rápidos”.
Ou seja, os clientes podem descrever facilmente um problema que estão tendo – neste caso, querendo chegar a algum lugar mais rápido – mas não a melhor solução e talvez apresentar a ideia de uma grande lata de quatro rodas naquela época seria equivalente a ser chamado de louco por investidores de cavalos, carruagens e carroças.
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Outro caso bastante conhecido é o da empresa Blackberry. No início dos anos 2000, a Blackberry era a empresa dominante no mercado de smartphones chegando a controlar 43% do mercado de smartphones nos EUA e 20% globalmente. No entanto, a empresa não acreditava em aparelhos de smartphones feitos somente de telas, sem o acompanhamento de teclados.
Hoje, sabemos que o iPhone da Apple e o sistema operacional Android do Google dominam o mercado, enquanto a Blackberry descontinuou a fabricação de aparelhos móveis e hoje atua com sistemas cibersegurança para empresas.
O caso BlackBerry
O declínio da BlackBerry tornou-se um estudo de caso sobre o que acontece quando uma gigante da tecnologia não consegue inovar em um mercado de tecnologia de consumo que evolui a uma velocidade exponencial.
Alguns dizem que a BlackBerry não “previu” que os consumidores conduziriam a revolução dos smartphones. Como líder, eu discordo. Eles tinham todas as informações ao alcance para entender o comportamento do novo mercado e se recusaram a acreditar nisso.
A verdade é que os smartphones evoluíram de meros dispositivos de comunicação para se tornarem centros de entretenimento móvel completos e as lideranças que escolheram não seguir com a evolução, hoje estão completamente fora do mercado de telefonia móvel. Por que é isso que o metaverso é: uma evolução, e não uma revolução.
A ascensão do metaverso
Assim como os smartphones, o metaverso não surgiu do nada. Ele foi descrito e nomeado pela primeira vez há quase 30 anos – mas ainda estamos nos primeiros dias de entendimento desse novo centro de relações e negócios.
Alguns exemplos de como essas novas tecnologias feitas para os negócios estão convergindo de forma a serem utilizadas dentro do metaverso são mencionadas em uma publicação da PwC:
“Hoje, a tecnologia em nuvem está abordando o poder de processamento e o armazenamento para dar suporte à realidade estendida e às interfaces imersivas. A IA está ajudando a criar reflexões digitais que combinam visão computacional, fala e aprendizado profundo para oferecer aos usuários experiências que parecem reais. A descentralização das finanças e da economia, apoiada pelo blockchain, está possibilitando sistemas financeiros parcialmente automatizados. Por fim, os consumidores nativos digitais e o impacto da pandemia nos hábitos de consumo estão despertando a demanda pelos produtos e experiências virtuais que o metaverso oferece.”
Falei um pouco sobre a importância de valorizar e estar a frente deste mercado em crescimento.
Todavia, tão importante quanto entender o metaverso antes de adentrar em suas possibilidades de negócios é estar preparado para liderar tanto no metaverso quanto na busca e mapeamento de novas soluções, proposta de valores e modelos operacionais. E até mesmo no desenvolvimento de times capacitados para lidar com esse tipo de tecnologia que se renova a cada dia.
Segundo estudo “Meet Me in the Metaverse” publicado pela consultoria Accenture, “já existe uma escassez significativa de talentos em tecnologia, e isso só se torna mais grave à medida que as tecnologias e as habilidades associadas a elas se tornam mais avançadas. É preciso criar uma estratégia de pessoas que priorize identificar, adquirir e desenvolver essas habilidades. As empresas que não começam a competir por esse talento logo estão se preparando para ficar para trás.”
Respaldado pela visão descrita na publicação acima, posso dizer que não poderia concordar mais. A verdade é que os líderes com visão de futuro já estão começando.
Como começar?
Qualquer liderança que esteja convicta de seu compromisso com o metaverso já iniciou uma varredura de mercado e tecnologia para entender o que está evoluindo hoje e como isso pode afetar ou interromper os esforços digitais atuais.
Neste processo, colaboradores, líderes e ecossistemas de empresas estão impulsionando novas linhas de negócios, novas formas de trabalhar e novos meios de interação entre empresas e pessoas.
Para a maioria, esta é a primeira e melhor chance que eles já tiveram de arquitetar um novo tipo de mundo digital – e a corrida para defini-lo, construí-lo e povoá-lo começou.
Conheça Andrea Iorio, colunista do FinanceOne
Escritor best-seller sobre transformação digital, inovação e liderança, Andrea Iorio é novo colunista do FinanceOne. Os textos são publicados mensalmente. Fique atento!
Iorio é economista formado na Universitá Bocconi na Itália, com Mestrado em Relações Internacionais pela Johns Hopkins University, palestrante profissional. Italiano radicado no Brasil, ele foi Diretor do Tinder na América Latina por cinco anos e Chief Digital Officer na L’Oréal.
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