Muito se fala sobre a grande transformação que a terceira geração da internet, (chamada de Web 3.0 ou Web 3) irá trazer e sobre como a mesma já está ressignificando nossas relações no mundo digital.
Diariamente acompanhamos conteúdos que trazem bons exemplos de alguns dos serviços mais famosos que são frequentemente atribuídos a Web 3, como o Metaverso, a Inteligência Artificial, Realidade Virtual, Blockchain, Criptomoedas, Gêmeos Digitais, entre outros.
Se você, caro leitor, é como a maioria dos donos de negócios e líderes, certamente quer estar à frente desta grande mudança que há de acometer não somente o universo pessoal, mas também o mundo business. Trago esta pauta aqui, por justamente ser o momento certo de lhe assegurar que ainda é tempo de se atualizar sobre tudo que a Web 3 tem a oferecer.
Afinal, apesar de todo o buzz em volta da nova era da internet, ela ainda se encontra nos estágios iniciais de desenvolvimento e quem lida com negócios geralmente assegura a importância de se tornar um adepto logo no início de uma nova fase tecnológica.
Isso porque ninguém quer ficar para trás e correr o risco de fechar as portas porque não quis se atualizar, não é mesmo?
Uma dica antes de continuarmos:
Caso não esteja familiarizado com alguns dos termos citados aqui no artigo, recomendo ouvir o episódio do meu podcast, Metanoia Lab, intitulado “Web3 para principiantes: explicando conceitos e tecnologias da Web 3”.
Neste episódio, repasso em detalhe e de forma simples os principais conceitos e tecnologias relacionadas ao mundo da Web3.
O que é a Web 3?
Aqui não trarei toda a evolução da Web e como chegamos até aqui, porém, explico com mais detalhes sobre a evolução da Web no artigo “Os 7 passos para CEO e líderes prepararem suas empresas para a Web 3.0”, publicado em meu LinkedIn.
Como definido em minha publicação, a Web 3 é uma versão descentralizada e baseada em blockchain da internet. Ou seja, na Web 3.0, todos objetos e lugares serão legíveis pelas máquinas e sujeitos ao poder dos algoritmos.
E ela será dominada por quem? Muito provavelmente por ninguém e todos, ao mesmo tempo – sendo uma Web descentralizada.
A grande promessa da Web 3
Ainda que em sua fase inicial, a Web 3 já oferece soluções que são consideradas marcos significativos na história da internet. Por exemplo, já vemos o uso da Web 3 sendo aplicada quando oferece melhor privacidade de dados, eliminando organizações centrais e permitindo que os usuários mantenham seus dados armazenados em suas carteiras de criptomoedas pessoais.
A partir disso, podemos entender que a grande promessa da Web 3 é a democratização da troca de valor, bem parecido quando democratizamos a troca de informações em 1980 com o advento dos computadores pessoais. Lembram disso?
Como isso impacta o seu negócio?
Bom, para começar, as tecnologias da Web 3.0 podem ajudar a melhorar a transparência e a confiança entre as empresas e seus clientes. O uso da tecnologia blockchain, por exemplo, pode ajudar a criar um registro inviolável de transações.
Isso permitiria que as empresas construíssem mais confiança com seus clientes, fornecendo-lhes uma visão transparente de seus negócios.
Uma empresa pode usar blockchain para fornecer aos clientes uma visão em tempo real de sua cadeia de suprimentos. Graças a isso, os clientes podem ver onde estão seus produtos em cada etapa do processo de produção e ter certeza de que recebem o que pagaram.
Apresento um exemplo mais detalhado sobre este processo na indústria de farmácia em uma publicação feita em meu site pessoal. Posso citar brevemente aqui três exemplos de como a tecnologia Blockchain impacta nas cadeias de suprimentos deste setor de ciência e saúde:
1 -Transparência (tudo é rastreado em tempo real).
2 – Velocidade (você pode acessar as informações em tempo real e não esperar que os intermediários forneçam elas para você).
3- Compartilhamento de informações.
Avançando para os modelos de negócios, outro fator é que cada interação da Internet acabou gerando novos modelos de negócio (no caso da Web1, surgiu o e Commerce, modelos de licenciamento de software e assim por diante; no caso da Web2, já é o caso da sharing economy como Uber e Airbnb, que também podemos definir como modelos de plataformas; modelos por assinatura; Saas; marketplaces e afins).
No caso da Web3, tem novos modelos de negócio que estão surgindo:
- Um é fazer o lançamento de um token nativo, ou seja um ICO.
- Outro é a tokenização de ativos físicos (como no caso de um imóvelações, commodities, faturas ou imóveis) que são avaliados com base no ativo subjacente com um prêmio potencial por divisibilidade e liquidez sem limites.
- Obviamente o Direct-to-consumer, ou D2C, que é um modelo que surgiu na Web2, irá continuar crescendo pois na Web3 a desintermediação é cada vez maior.
- Outro modelo super interessante é o de comunidades: vamos supor que você seja um gamer, provavelmente não há como você se beneficiar financeiramente de suas horas de jogo. Mas e se, graças a NFTs, você pudesse monetizar seus esforços? Isso pode ser por meio da venda de acessórios que você comprou, ganhou ou coletou no metaverso do jogo. Esse modelo é atualmente usado em DAOs e pode ser aplicado não apenas a jogos, mas em todo tipo de comunidades.
Essa lista é obviamente não exaustiva, mas ela nos passa a ideia de que nós podemos monetizar de formas completamente diferentes a respeito do passado, e isso traz enormes benefícios para negócios no mundo da Web3.
Previsão de investimentos
De acordo com publicação feita pela McKinsey chamada “Web3 beyond the hype” (em tradução livre, algo como “Web3 além da modinha”), “os principais players da Web 3 estão cientes dos desafios referentes à transição para a nova fase da internet e estão trabalhando ativamente para enfrentá-los, muitas vezes financiados por extenso capital de risco”.
Ainda segundo a publicação, “os investimentos de capital de risco na Web 3 ultrapassaram US $18 bilhões no primeiro semestre de 2022, permanecendo no caminho certo para superar o total de investimentos de capital de risco do ano inteiro de US $32,4 bilhões em 2021.”
Apesar da presente fase de desenvolvimento, a verdade é que as empresas devem ficar de olho no seu progresso para capitalizar quaisquer oportunidades à medida que a Web 2.0 for sendo gradualmente substituída ou mesmo convergida tecnologicamente com a Web 3.0.
Reflexão
Se ainda estiver na dúvida, ofereço uma reflexão mental que é a seguinte:
Quando lemos e ouvimos sobre a Web 3 e todas essas novas tecnologias, talvez fiquemos mais desmotivados com tanta informação mais até do que motivados.
Muito provavelmente acabe pensando que seu negócio não tenha a necessidade de abraçar toda essa mudança. Mas pense: qual empresa precisa de um website? Fundamentalmente nenhuma. Qual empresa precisa de um aplicativo? Fundamentalmente nenhuma.
Qual restaurante precisa usar QR code na mesa ao invés de um menu feito de papel? Fundamentalmente nenhum. Mas todos precisam atualizar suas formas de comunicação e prestação de serviços com o seu cliente e mesmo com seus colaboradores, correto?
A verdade é que as formas de se relacionar e de troca valor mudam e para sobreviver e prosperar, nossos negócios vão precisar se adaptar também.
Conheça Andrea Iorio, colunista do FinanceOne
Escritor best-seller sobre transformação digital, inovação e liderança, Andrea Iorio é colunista do FinanceOne. Os textos são publicados mensalmente. Fique atento!
Iorio é economista formado na Universitá Bocconi na Itália, com Mestrado em Relações Internacionais pela Johns Hopkins University, palestrante profissional. Italiano radicado no Brasil, ele foi Diretor do Tinder na América Latina por cinco anos e Chief Digital Officer na L’Oréal.
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